Wednesday, November 12, 2008

BPN, BCP, CML, Felgueiras e Apitos

Não percebo. Juro que não percebo. Não percebo que, com tantos casos em que comprovou (mesmo que parcialmente) que há fogo atrás do fumo, não haja gente presa e não se dê um exemplo a potenciais prevaricadores.

No BPN e no BCP, a informação que veio a público aponta para casos de roubo premeditado dos gestores aos accionistas. Tudo aconteceu através de esquemas que envolvem off-shores e operações obscuras. No BPN parece que há também sinais de branqueamento de capitais. 
Estou para ver o que vai acontecer nos próximos dias no BPN. Se for como no BCP, alguns gestores serão impedidos de trabalhar na Banca e nada mais. Os accionistas não vão ver um tusto de indemnização e muito menos ver alguns dos "abusadores" (vulgo ladrões) atrás das grades.

Nas câmaras municipais de Lisboa e de Felgueiras, aconteceram situações semelhantes às dos bancos mencionados acima. Existe apenas uma nuance. Enquanto nos bancos, os accionistas têm maior poder de fiscalização sobre o quadro de gestores, já nas autarquias é raro que haja disponibilização de dados que permitem ao cidadão (munícipe) avaliar o que é feito com o nossos impostos. É neste contexto que se dão casos de auto-revisão de salários (ex: caso Gebalis) e da realização de negócios danosos para autarquia (ex: compra-venda de terrenos em Felgueiras).
Nestes casos, ainda não houve condenações de monta. Creio que 3 anos de pena suspensa aplicados no caso de Felgueiras são mais uma vitória da autarca acusada do que do Estado.

No futebol, o problema é também do excesso de fumo sem provas concretas de fogo. Agora temos os avanços e recuos sobre a validade das escutas e de credibilidade das testemunhas mais relevantes do processo. A subtracção de 6 pontos e 2 anos de inibição é muito pouco para um clube cujos dirigentes são acusados de corrupção, sem sob que forma for.

Depois de tudo espremido, (e num registo mais cómico) só posso acreditar que os portugueses assumem um posicionamento de nicho no que diz respeito ao crime económico: só conseguem cometer crimes aqueles que são sócios de PMEs, funcionários por contra de outrem, empresários em nome individual e outros cujo poder e influência na sociedade é, visto isoladamente, muito reduzido. Parece que os "grandes" são incapazes de cometer crimes económicos, mesmo tendo oportunidade e capacidade para o fazer. Neles parece não vingar o ditado: "a ocasião faz o ladrão". Aquela história de que o poder corrompe é pura publicidade enganosa...

Agora não sei como é que o resto dos portugueses que anda aqui a fazer tudo para prevaricar, e vê as sua PME ou os seus bens pessoais penhorados pelo fisco, aceita que os "grandes" não façam a parte deles. Uns a prevaricar todos os dias e outros a descansar é que não pode ser. É que ainda por cima, gastam imensos recursos da justiça desnecessariamente: já sabemos que são inocentes e que é sempre tudo um mal entendido. Como diz a personagem "Chato" de "Os Contemporâneos": vocês querem é aparecer, vão mas é prevaricar como o resto das pessoas.

Eu não percebo. E tu, percebes?

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